1917 - eu vi
Não gosto muito de filmes de guerra, não assisti o regaste de ryan, não assisti até o ultimo homem etc e tal, mas incrivelmente em 1917 me senti atraído á sala do cinema e possivelmente pela unica cena que vi no youtube.
Eu achei que a fotografia valeria, meu achismo estava correto. O brilho na minha retina começou na primeira cena mostrando um belo campo verde com flores ao vento, os protogonistas deitados descansando até a ordem de um deles se apresentar à autoridade.
- Escolha um homem e vá.
Ele estende a mão para o amigo e a cena denota que há respeito e consideração um pelo outro.
A história é simplória (talvez por isso no trailer que assisti no cinema não tive vontade de ver a película):
2 batalhões receberam a ordem de atacar a trincheira inimiga ao amanhacer e depois da comunicação ter sido perdida descobriu-se que era uma armadilha. Estava tudo perdido, 1600 homens estavam marchando para a morte certa.
A ultima tentativa era: chama o carinha de bobo ( Dean-Charles Chapman) conta a história pra ele e avisa "ó teu irmão tá lá".
Pronto! temos agora um soldado hiper-motivado pra atravessar o campo inimigo, uma floresta mais um rio e finalmente avisar o comandante que a missão foi abortada.
O amigo magrelo (George MacKay) tenta dissuadi-lo da loucura já colocando na bolsa a carta-mensagem, comida que eles não tinham há dias e água!
O carinha de bobo tinha apenas uma competência pra missão: sabia ler mapas como ninguém, todo resto era apenas motivação de salvar o irmão. seu amigo porém era alguém já com uma medalha, trocada por uma garrafa de vinho, e uma tristeza constante.
Já tinha 5 minutos de filme quando percebi que a cena não tinha tido corte ainda, povo!!!!.... era uma cena continua que permaneceu assim por quase mais 20 min.
Tecnicamente deve ter tido uns cortes discretos (na explosão, na passada da câmera por detrás da coluna, enfim) ... mas o filme já estava na metade e não teve nenhum, nenhum corte . O filme então tem sua temporalidade digamos... em tempo real. Você acompanha cada minuto da jornada dos dois amigos , na agonia de que a cada curva poderá ter um inimigo, uma bala, uma bomba ou avião caindo em cima do celeiro...
Quando toda aflição estava no auge eu conclui: mentiram pro cara de bobo, o irmão dele já morreu era só pra motiva-lo, tenho certeza!
Mas pra não cometer nenhum spoiler eu vou voltar a falar do que mais me surpreendeu: as cenas continuas.
Caro leitor , é serio: dá pra brincar de assistir o filme de novo pra tentar encontrar os cortes discretos, porque a sensação é de que tudo foi filmado continuamente .
Há até um momento que um deles é ferido e vai ficando gradativamente pálido diante dos nossos olhos (assusta) ... deve ter sido efeito especial aquilo.
O único corte visível e aparente é quando o personagem é baleado e desmaia, como o filme te coloca em tempo real com cada segundo da história, temos aqui uma passagem de tempo entre o tiro e ele acordar... o filme toma outra narrativa a partir dai.
Onde antes a fotografia era um campo com cores e paisagens na luz do dia, agora estamos em ruínas de uma cidade em chamas. Esse trecho é artístico, o show de luz e sombras com a imagem hora aérea , hora descendo gradativamente ate ficar no chão é um espetáculo ao som de alguma musica clássica ao fundo.
É quase uma dança e possivelmente exerce aquele momento de alivio após tanta agonia e aflição que o telespectador passa desde os primeiros minutos do filme.
Mas é nesse momento também que nosso protagonista precisa eliminar com as mãos um jovem inimigo e talvez pra remediar tal ato (mesmo estando em uma guerra ele é mostrado mais humano que meus colegas de trabalho) logo em seguida ele entrega toda sua comida e leite (lembre-se do leite) para uma criança.
Foi tempo demais ali, a armadilha aos 1600 homens era ao amanhecer.
A sombra do sol já aparece no esconderijo.temos uma nova e frenética corrida contra o tempo com os últimos obstáculos... ainda falta o rio e a floresta e lá fora um inimigo querendo se vingar pelo pupilo morto sufocado.
O rio e a floresta é apenas mais um momento de perda de tempo... demostra apenas seu cansaço fisico e emocional , prepare-se pra cena magistral dele correndo em meio a batalha pra cortar caminho e chegar logo ao comandante.
E se você acha que acabou ai, nós temos o momento mais tenso de todos quando o comandante pela soberba e impeto não quer ler a carta.
É desespero puro, o irmão esta lá na linha de frente avançando pra armadilha... (sim caro leitor ele ainda estava vivo, meu pensamento estava errado).
Não conto o final, mas afirmo, se você for como eu, vai lagrimar em vários momentos e sair da sala aliviado e com uma incrível sensação de que valeu a pena ir ao cinema.
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