vinte e um dias ante
naquela noite,
algo me apertou por dentro
como se eu soubesse
sem saber,
que era a última vez
te olhei mais fundo
e mesmo sem motivo certo
me despedi
houve um
instantee m que o tempo dobrou as pernas
e se sentou comigo no escuro
era só mais um caminho
era só mais uma ida
era só mais um aviso
que ninguém mandou escrever
mas eu vi
uma curva no teu gesto
uma dobra na palavra "volto já"
e por dentro
meu peito já recuava
como quem vê o igarapé baixar
e a canoa encalhar no silêncio
te abracei
como se a vida fosse vidro
e a tua risada
fosse uma coisa
que escapa
e não disse adeus —
mas disse.
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vinte e um dias depois
você não voltou
mas ainda ouço
um eco seu
naquela noite
e desdee ntão
você mora ali
onde o tempo não sabe entrar.
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